terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Magnetar

Esse texto é uma cópia do artigo publicado no PdH. Não é meu nem do QI.

Por Felipe Franco

"Já está virando cliché falar que o Maurício de Sousa é o maior expoente dos quadrinhos nacionais. É um cliché, mas é uma verdade.
A exemplo de Walt Disney, o Maurício não se limitou a desenhar e criar histórias fantásticas sobre suas turmas. Ele acabou empreendendo, inovando e hoje é um dos grandes empresários brasileiros  A turma da Mônica tem gibis e outros produtos licenciados em vários países, transformando “o pai da Mônica” em um dos cartunistas mais famosos no mundo.
Um dos méritos dele foi não parar no tempo, sempre experimentando outras mídias para contar suas histórias: animações para TV, cinema, teatro, musicais. Mas nos últimos anos, ele percebeu que o seu público inicial amadureceu e em meados de 2008 resolveu amadurecer também a sua turma, lançando a Turma da Mônica Jovem. Você gostando ou não, foi uma puta estratégia e um grande sucesso.

Em 2009, o Pai da mônica completou 50 anos de carreira e para comemorar a data, a  Maurício de Sousa Produções lançou um álbum Chamado MSP50 convidando 50 artistas brasileiros fazer releituras dos famosos personagens criados pelo cartunista. A qualidade dos trabalhos foi tão boa e tão bem aceita pelo público que acabaram vindo outras 2 edições do projeto.
MSP+50 e o MSP novos 50, o tio Maurício (que de bobo não tem nada) viu ai uma boa oportunidade de revitalizar e (porque não dizer) realmente amadurecer os seus clássicos personagens, lançou ai o selo Graphic MSP. O Selo foi anunciado no FIQ de 2011, momento em que o homenageado do ano era justamente o Maurício de Sousa. Ainda no próprio evento, foi divulgado qual seriam os 4 primeiro títulos:
Eis que em Outubro de 2012 chega as livrarias o primeiro dos 4 títulos, Astronauta – Magnetar.
Roteirizada e desenhada por Danilo Beyruth, ilustrador de publicidade e quadrinista criador dos fanzines e encadernados do personagem Necronauta e da fodástica Graphic Novel Bando de dois, história essa que lhe rendeu o Prêmio Angelo Agostini de melhor lançamento e o Troféu HQ Mix em três categorias (Melhor Desenhista Nacional, Melhor Roteirista Nacional e Melhor Edição Especial Nacional).
Em Magnetar, Danilo coloca o personagem Astronauta em uma missão para estudar um misterioso fenômeno que dá o nome da revista, MagnetarEste fenômeno realmente existe. Devida uma escolha displicente, o Astronauta comete um erro que acaba por danificar sua nave,o que faz dele um náufrago no espaço, tendo que se virar para sair desta situação.

O roteiro brilhantemente desenvolvido por Danilo é uma clássica história de náufrago, só que em vez da vastidão do oceano, o personagem se encontra perdido na última fronteira da humanidade.
A história fala de solidão, rotina, saudade, desespero (fodamente representados nas páginas 40 e 41), mas ela representa principalmente as escolhas. São essas que levaram o Astronauta não somente a situação de náufrago em que ele se encontra e também o fizeram se tornar um aventureiro, um astronauta.
As adaptações visuais feitas por Danilo Beyruth são o ponto forte da revista. A princípio, fica estranho pensar que um cara vestido em uma roupa de ovo, voando no espaço dentro de uma pokebola pode se transformar em um história que te faz refletir nas escolhas que você fez durante a vida, mas o traço forte e marcante trouxeram todo o realismo que a história necessitava sem deixar os elementos clássicos do personagem de Mauricio de fora.
Outro ponto importante da história são as cores da talentosa Cris Peter (única brasileira indicada ao prêmio Eisner Awards) que dão o tom ideal para a história (as páginas 12 e 13 estão espetaculares).
Assim como o protagonista da revista Magnetar, o selo Graphic MSP foi um grande salto no escuro e no vazio, que poderia ter acabado com as chances de histórias adultas dos personagens da turma da mônica. Nesse caso, acabou sendo uma elevação de nível do universo Maurício de Sousa. O Astronauta – Magnetar  é uma das melhores publicações nacional de 2012, que traz o gosto de voltar a ler a Turma da Mônica e esperar ansiosamente pela novas publicações do selo Graphic MSP.

Não vejo a hora de ver o Chico Bento desenhado por um dos meus artista preferido, Gustavo Duarte."

Um comentário:

  1. Quadrinhos são a última arte que ainda me surpreende, por essa capacidade de reinvenção e, principalmente, por estar longe de ter seu potencial totalmente explorado. Na verdade, tenho a impressão que esse potencial é infinito. Creio ser a arte mais completa, mas perfeita, superando qualquer outra em expressão, comunicação e linguagem. Pode ser lixo ou ser arte sem culpa, que sempre funciona. Subestimada por muitos, nem por isso deixa de criar obras primas equivalentes a um Shakespeare, um Mozart, Kafka ou Orson Wells - e isso com muita frequência. Azar dos que não leem. Pra mim é um privilégio, que pretendo continuar curtindo junto com as outras artes, tanto quanto me for possível. E o melhor de tudo: além de ler, tive o privilégio de fazer meus próprios quadrinhos, o que me deu a chance de entrevisyar o próprio Maurício uma vez, numa Feira do Livro aqui em Belém do Pará... Fodástico!

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